Libertar-se do Passado: Como Deixar de Repetir Padrões nas Relações
- pedrolucenadias
- 11 de mai.
- 6 min de leitura
Está cansado de repetir os mesmos padrões nas suas relações? Descubra como quebrar ciclos do passado e construir relacionamentos mais conscientes e saudáveis.
Todos conhecemos aquela sensação de “porque é que isto me volta sempre a acontecer?”. Às vezes, é uma escolha repetida de parceiros parecidos. Outras vezes, são as mesmas discussões, as mesmas feridas, os mesmos medos que se manifestam, mesmo quando a história parece diferente.
Repetimos padrões — muitas vezes sem perceber. Mas a boa notícia é que isso não é destino, é um convite à transformação. Ao tornar-se consciente dos seus próprios mecanismos, pode finalmente libertar-se do passado e criar relações mais leves, autênticas e alinhadas consigo.
O que são padrões relacionais repetitivos?
Padrões relacionais são formas automáticas de pensar, sentir e agir que se repetem nas nossas relações — românticas, familiares, de amizade ou profissionais. Normalmente, nascem das primeiras experiências de vínculo e são aprendidas como formas de proteger a nossa ligação emocional.
Alguns exemplos comuns:
Escolher sempre parceiros indisponíveis emocionalmente
Sentir que tem de se anular para manter o outro por perto
Reagir com distância quando sente que alguém se aproxima
Atrair situações de rejeição ou abandono
Viver relações com conflito constante e instabilidade emocional
Estes comportamentos não surgem de uma decisão consciente — são padrões inconscientes que foram úteis num outro tempo, mas que hoje podem sabotar a sua capacidade de se relacionar de forma segura e plena.
Por que repetimos o que nos magoa?
À primeira vista, parece contraditório: por que haveríamos de nos colocar repetidamente em situações que nos fazem sofrer?
A resposta está em dois movimentos fundamentais da experiência humana:
Afastamento da dor
Aproximação do prazer
Paradoxalmente, o que parece prazeroso hoje — como agradar sempre ao outro para evitar discussões — pode ser uma fuga de uma dor antiga: o medo de ser rejeitado por expressar o que sente.
E o que nos atrai pode ser, inconscientemente, uma tentativa de reparar emocionalmente algo que ficou por resolver: sermos finalmente escolhidos por alguém que nos recorda quem nos magoou.
Repetimos o que é familiar, não necessariamente o que é saudável.
Até que se torne consciente, o padrão repete-se como se fosse inevitável.
É natural que o primeiro impulso de mudança surja do sofrimento — da vontade de evitar mais dor. E esse pode ser um ótimo ponto de partida. A dor mostra-nos o que não queremos mais viver. Mas se ficarmos apenas focados em fugir do sofrimento, corremos o risco de continuar a mover-nos dentro do mesmo campo: a dor continua a ser o centro, mesmo que tentemos evitá-la.
A verdadeira transformação acontece quando começamos a definir o que nos aproxima da felicidade, do bem-estar, da liberdade de ser. Quando deixamos de viver apenas em reação ao que nos magoa e passamos a viver em direção ao que nos inspira.
Não basta saber o que não queremos. Precisamos descobrir — e escolher — o que realmente queremos viver.
É esse movimento — de fuga da dor para aproximação do prazer com consciência — que nos permite sair do ciclo e entrar no caminho da construção de relações mais saudáveis, conscientes e alinhadas com quem somos.
Quebrar ciclos é possível — com consciência, prática e, por vezes, ajuda
A transformação real acontece fora dos momentos de tensão. É no chamado “trabalho a frio” — quando estamos fora da situação — que podemos identificar padrões, reconhecer emoções e definir estratégias alinhadas com quem realmente somos.
Este trabalho de preparação permite que, mais tarde, no momento “a quente”, entre o impulso e a resposta, haja espaço para respirar, observar e escolher diferente.
E se, ainda assim, reagirmos no automático — o que é natural — o mais importante é evitar a autocrítica. O simples facto de nos apercebermos do padrão depois do acontecimento já é progresso. Esse momento pode ser acolhido com gratidão, pois mostra que já existe consciência. A partir daí, podemos ajustar estratégias e preparar novas respostas. Esta mudança de perspetiva — de frustração para aceitação — é o que torna o processo sustentável.
Muitas vezes, contar com apoio externo pode ser um catalisador precioso. O acompanhamento certo não nos dá respostas, mas ajuda-nos a descobrir as nossas — com clareza, presença e apoio seguro.
A chave da mudança: presença e alinhamento interior
A mudança começa com atenção e presença. É quando paramos para escutar o que está vivo dentro de nós, com curiosidade e compaixão, que o processo se inicia.
Em vez de julgar os padrões, podemos perguntar: O que estou a sentir agora? O que esta situação me faz lembrar? Qual é o padrão que está ativo? Que necessidades estão por trás da minha reação? O que é que, hoje, quero escolher de forma diferente?
Este caminho pode ser vivido através de quatro movimentos transformadores: Perceção, Compreensão, Experiência e Transformação.
Perceção: estar presente ao que sinto agora.
É o momento em que reconheço o desconforto dentro de mim — um aperto, um medo, uma contração emocional.Perceber é dar espaço ao que surge antes de reagir. É o contrário do piloto automático: é presença verdadeira no aqui e agora.
Compreensão: recordar que tenho recursos e posso escolher.
Neste ponto, reconhecemos que já não somos a mesma pessoa de quando o padrão foi criado. Temos recursos, aprendizagens e escolhas diferentes.
Compreender é lembrar:
“Não preciso de reagir como antes.”
“Posso usar as ferramentas que tenho.”
“O meu valor não depende da aprovação do outro.”
Experiência: agir com consciência, em vez de reagir no automatismo.
É aqui que experimentamos o novo. Não se trata de forçar mudanças, mas de testar, com presença, aquilo que está mais alinhado com quem somos hoje.
Pode ser:
Respirar fundo antes de responder
Assumir a vulnerabilidade em vez de controlar
Escolher o silêncio em vez da reatividade
Dizer "não" com amor-próprio
É uma prática. E cada pequena escolha consciente fortalece o novo caminho.
Transformação: a liberdade de ser quem sou. Quando a perceção, a compreensão e a experiência se integram, surge a verdadeira transformação. Deixamos de viver a vida em função dos padrões e passamos a agir em coerência com a nossa verdade. É quando dizemos: “Desta vez, não reagi como antes. Respondi como quem realmente sou.” E é aí que nasce a liberdade emocional.
O passado não define o futuro — mas pode ensiná-lo
Ressignificar o passado é escolher dar-lhe um novo lugar dentro de nós. Não apagamos o que vivemos, mas deixamos de o usar como guião para o presente. Cada dor pode tornar-se uma aprendizagem. Cada padrão, uma bússola de autoconhecimento. Tudo começa com uma pergunta: “O que posso escolher agora, que honre quem sou e o que quero construir?”
Práticas que ajudam a quebrar padrões
Escrita consciente:
Regista os teus padrões, emoções e insights. Nomear já é começar a libertar.
Respiração consciente e meditação:
Ajuda a interromper o piloto automático e cria espaço interno para novas escolhas.
Diálogo interno compassivo:
Fala contigo com empatia: “Estou a aprender. Estou a crescer.”
Observação dos gatilhos:
Repara em situações que ativam emoções intensas — são portais de transformação.
Visualização de novas respostas:
O cérebro aprende com a imaginação. Visualiza-te a responder de forma alinhada contigo.
Libertar-me é um processo, não um evento. Não há mudança instantânea, mas há momentos de viragem, instantes em que, pela primeira vez, escolho diferente. E, com cada escolha, deixo de repetir para começar a criar. Libertar-me do passado é um ato de amor próprio, consciência e coragem. Não preciso de repetir o que já conheço, mas posso construir o que deseja — com verdade, presença e liberdade.
Não adie mais e experimente ... porque merece investir em Si ❤️!
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❓ Perguntas frequentes sobre padrões emocionais e relacionais (FAQ)
🔹Por que é tão difícil mudar padrões mesmo tendo consciência deles?Porque a mudança requer mais do que saber — requer prática emocional, paciência e autorregulação. E é possível!
🔹É possível mudar sem terapia?Sim. Mas a terapia pode acelerar e sustentar esse processo, oferecendo suporte e estratégias alinhadas com a sua jornada.
🔹O que fazer quando percebo que o padrão voltou a surgir?Acolher com gratidão. Observar sem julgamento. Rever a situação e preparar novas respostas. Isso é mudança em ação.
Repetir padrões não é fraqueza — é um reflexo de estratégias antigas de sobrevivência emocional. Libertar-se deles é força. É presença. É uma escolha.
Se este tema ressoou consigo, partilhe com quem também precisa quebrar ciclos. Merece viver relações que o nutram — não que o limitem.
Outras fontes de referencia:
Gabor Maté - "Trauma" - explora como traumas não resolvidos moldam nossos comportamentos e relacionamentos. 🔗 drgabormate.com/trauma
Joe Dispenza - Recursos sobre como mudar padrões mentais e emocionais para transformar relacionamentos. 🔗 drjoedispenza.com
Sadh Guru - "Libertando-se das suas limitações" Reflexões sobre como permanecer em paz mesmo diante de adversidades. 🔗 isha.sadhguru.org
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